Desacelerar: resistência e combate à desinformação na era das inteligências artificiais
Pollyana Ferrari | Autora
Denis Renó | Prefácio
A apatia coletiva, causada pelo esgotamento das telas, aliada à desinformação e o projeto de dominação das big techs têm causado malefícios como depressão, ansiedade em crianças e adolescentes, burnout em trabalhadores e gerado muito pouca inteligência coletiva. Nestes nove anos desde a primeira eleição de Donald Trump, em 2016, nos Estados Unidos, quando o mundo começou a falar – com mais frequencia – sobre os riscos da desinformação e das pós-verdade, só vimos o cenário ficar mais sombrio.
O livro Desacelerar convida o leitor para reflexão e algumas práticas de desaceleração, já que para a autora, o processo começa em nós (exige muita persistência), para depois ir para o coletivo. O geógrafo Milton Santos dizia que o “exército de consumidores globalizados fez com que a competitividade excluísse a compaixão”.
Um corpo social, onde você acredita que se encaixa, na sua bolha, incapaz de olhar o outro, de perceber que o entregador do App passou o dia com um pacote de bolacha maisena no estômago, não almoçou ou jantou; trabalha por conta e risco entregando comidas para outros seres humanos, que estão correndo, “empreendendo” no home-office e não podem descascar a própria batata. Será?
Será que 120 milhões de visualizações, em 24 horas, de um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em janeiro de 2025, insinuando que o Pix poderia ser taxado pelo governo nos diz algo? As redes sociais sugam nossa energia sutil, pois a cada notificação, curtida ou comentário, desviamos o foco do que estamos fazendo para absorver algo recomendado por um algoritmo que visa o lucro, o consumo. Um estudo publicado pela revista científica Frontiers in Cognitions mostrou que a capacidade de atenção humana dminuiu 70% nos últimos 20 anos. Exatamente, quando passamos a usar diariamente as redes sociais, principalmente a partir de 2010 com a chegada dos smartphones. Nada é por acaso.
Existir, respirar, ocupar espaço na terra, vai muito além de ganhar na bet da vez, espalhar fake news e passar horas rolando um feed criado para te viciar. Acordar é uma dádiva divina; aproveite sua jornada. E não caia nesta nova armadilha do marketing de dizer que off-line é o novo luxo e modismo. É um direito meu, seu, de quem quiser.

Edição: maio de 2025
ISBN 978-989-9220-25-6
páginas 119